Seu Chico era velho teimoso
Filho de Cacilda, ele dizia
Velho bom
De coração grande
Carregado no sarcasmo
Sarcasmo, aliás
Que me deixou como herança
Seu Chico era mandingueiro
Cria da rua
Malandro do bicho
Do tipo que acha que todo mundo é otário
Seu Chico era figura rara
Mão aberta
Provedor por natureza
Generoso como nunca vi
Seu Chico era foda
Pro bem e pro mal
O que tinha de gente boa
Tinha de cabeça dura
Durante todo o tempo em que viveu sobre a terra
Fez só o que quis
Seu Chico também não era santo
Era velho do tipo gente
Gente que dava jeito na vida
Não jogava capoeira
Mas de ginga dava aula
Homem de fé
Bicho rezador
Quase um feiticeiro
Camarada bom de ter encontrado na vida
Que além das muitas lembranças
Vai deixar enraizado em mim
Um pedaço dele mesmo
Vai em Paz, Seu Chico
Na roda da vida
A morte é só o começo
Que a luz do Astro maior
Ilumine os teus caminhos
E que as alturas te recebam com festa
Por aqui, fica a saudade
E a gratidão eterna
Valeu, Seu Chico!
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