A boca fala do que o coração tá cheio

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

As merdas que andei falando (e ouvindo) em 2013



Compromisso, no verão, evapora
O calor é urgente!

A mangueira cheia de manga
E nego se matando de trabalhar

O real é suave – ainda que intenso.

Tá aí uma coisa gostosa: Haxixe!

Telejornalismo: Quanta babaquice!

A Realidade última é milagre, ponto final.

Vida: Um eterno início

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Inferno: nasce na mente, se cria no olho e vaza pela boca.

Chatice militante: desespero fantasiado de moral.

Gosto de quem me faz ler sorrindo.

Andando por aí, descobri que a ortodoxia é a prisão dos que escolheram colocar suas vidas sobre os trilhos do medo. Obviamente, não falo de “uma” ortodoxia, mas do “desejo de ortodoxia”, já que muitos grupos diferentes – e até contraditórios entre si – a reivindicam. As expressões de ódio e o sectarismo provenientes de todos eles – seja na ciência, na religião ou no futebol – são apenas reflexos de suas mentes encagaçadas.  

Pra morrer basta estar morto. O vivo vive.

Milagre não é mágica, é Vida. E Vida é caminho. Um caminho mágico...

Realizar nossa responsabilidade sobre a terra é uma questão de vida ou morte. E o Deus dos vivos certamente nos ajudará.

"Quando alguém deseja a saúde, é preciso antes lhe perguntar se está pronto a suprimir as causas de suas doenças. Só então é possível ajudá-lo." Hipócrates

– Rodrigo, você pode ir à farmácia buscar esse remédio?
– Posso sim, vô!
Conclusão: Vivo num tempo em que Rivotril – a macoinha consumida por gente de bem, que não se mistura com vagabundo nem com viciado, e produzida legalmente pelos nossos anjos da guarda da indústria farmacêutica – custa 10 conto! A cartela com 30! (preço de dar inveja a crackudo). Além disso, as grandes farmácias se transformaram em points bizarros, com cafés que servem vários quitutes, num ambiente da maior descontração. O sujeito já come sua coxinha ali, na sequência dropa um Omeprazol, e, de quebra, ainda faz uma social, pega alguém, dá uma zoada. Todos circulam livremente, não tem PM querendo prender ninguém, nenhum gesto de reprovação, preconceitos, nada! Tranquilão! Tudo sem alteração, transcorrendo na mais perfeita normalidade... Só faltou o serviço funerário pra fechar o ciclo. Uma boa oportunidade pros empreendedores de plantão. Se fizer a parada direitinho, uns caixõezinhos maneiros, bem transados, com design moderno e arrojado, vende que nem água!
Enfim, tá tudo aí... na nossa cara! Quem tem ouvido para ouvir, ouça!

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão" Jesus Cristo

Pra quem não tá acostumado a morrer, a morte deve ser realmente uma experiência assustadora!

De fato, nada mais distante de Deus do que uma fé domesticada com ares de sabedoria humana. O crístico é escândalo do início ao fim. Ou, como diria um camarada: é sem corrimão, parceiro!

Chegando ao final da jornada acadêmica, reafirmo uma antiga certeza: quanta babaquice é a academia!

A pós-modernidade tem várias babaquices, é verdade. Mas, o grande temor que se tem diante dela – especialmente nos círculos mais conservadores – é, também, um forte indicador de que ela traz consigo muita coisa necessária.

Aproveitar o tempo é tudo o que se pode fazer separado de Deus. NEle a simplicidade é tão absoluta, que já não há tempo: apenas o eterno instante.

Definitivamente: mudar de vida pouquíssimo tem a ver com mudar de ideia. A vida é, certamente, algo bem mais sério.

O “adulto” é – certamente – uma das construções sociais mais arrogantes que já se inventou.

“Falar do fim da transcendência no século XX é falar de um cachorro morto que late pra caramba” Remo Filho

Nada melhor para justificar nossos auto-enganos do que identificar a Verdade à ideia ocidental de coerência. Não havendo, obviamente, a possibilidade da coerência total, sentimo-nos autorizados não só a fazer nossas negociatas existenciais, como, nos casos mais graves – quando temos mais medo da destruição do ego –, a negar a própria existência da Verdade. Impossível de ser apreendida pela via da jogatina lógica, essa, por sua vez, encontra-se – de maneira bem mais simples – muito mais próxima de uma atitude existencial que se responsabiliza a cada instante pelo eu em sua condição presente. Condição que – pelo menos por ora permanecendo em um misto de tempo e eternidade – constitui-se em um caminho chamado Vida: o lugar da singularidade máxima, onde o indivíduo se encontra ele mesmo – sozinho – perante Deus. O lugar onde tudo acontece. No fio da navalha...

O desejo de “compartilhar” é, muitas vezes, expressão do desespero proveniente da flagrante fragmentação de quem não vive o que ensina. O verdadeiro compartilhar não é um fim, mas a consequência natural – e, obviamente, gratuita – de uma vida vivida na Verdade.

Ensinar é viver com radicalidade
Ensinar é Viver

Desconfie de todo ensinamento relativo à vida que só pode chegar até você mediante dinheiro. E não, o mundo não vai mudar através do comércio de informações! Ainda que as informações sejam rosas e usem brincos de coração.

Alguém que depende de um sistema para sobreviver, ainda que o critique, no fundo fará de tudo para preservá-lo. Só por isso é patético querer ensinar os outros a resolver os problemas do mundo sem, antes, ter resolvido a própria vida.

“A vida assusta. Vivemos numa sociedade biofóbica, numa cultura biofóbica, que tem medo da vida, que expulsa a vida de perto.” Helena Maltez

“Distrair-se é trair a si mesmo. É dividir-se” Ana Branco

Na dialética da fé, quanto mais se transcende, mais imanente Deus se torna. Não por acaso, Cristo – o Deus-Homem cuja existência não depende de nenhuma mediação humana para ser comunicada – é o paradoxo perfeito e ápice da revelação divina. Só por isso, ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, só posso encontrar o Emanuel – esse Deus conosco – na simplicidade assustadora da terra.

Assim como não se pode confundir um capitão de fragata com um cafetão de gravata, também não se pode confundir valores eternos com valores dos séculos passados. O nome disso não é fé, é conservadorismo.

Numa sociedade que se transformou numa grande loja de departamentos, gerar emprego e acreditar na necessidade de se ter um é o que há de mais importante em termos de valores.

Inconsequência é medir a vida!

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“Um mundo de crescentes demandas não é apenas um mal – só pode ser classificado como um inferno.” Ivan Illich

Se as ideias nunca foram capazes de mudar o mundo, quem dirá o comércio de ideias.

“Não existe ato de maior irresponsabilidade do que dar aula” Remo Filho

O inferno é, certamente, um lugar com muitas obrigações a se cumprir.

 “Mas o pior inimigo que podes encontrar serás sempre tu mesmo; tu mesmo estás à tua espreita em cavernas e florestas.
Solitário, percorres o caminho no rumo de ti mesmo! E teu caminho passa por ti mesmo e pelos teus sete demônios!
Herege, serás para ti mesmo, e feiticeiro e vidente e doido e céptico e ímpio e celerado.
Arder nas tuas próprias chamas, deverás querer; como pretenderias renovar-se se antes não te tornasses cinza!” Nietzsche.

"É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo." Clarice Lispector

A revolução acontecendo e o coração de sacanagenzinha.

A vida – em toda a sua acontecência – não respeita nem mesmo consciência. E como eu gosto!

Só no reino do amor há liberdade. Ideias se vão e fica a verdade: unidade.

Nunca mais acredito em minhas ideias. E, dessa vez, é sério.

“Chega aí, rapidinho” – É o que a vida diz quando, pelo caminho, nos encontra cheios de certezinhas.

Meu corpo é o meu mundo.

“A toxicidade dos segredos pode ser maior do que a insensibilidade dos incultos” Nilton Bonder

“Sem o aval da vida nosso desejo não vai longe e não se transforma em bênção” Nilton Bonder

“Ai do profeta que não vê o que sua jumenta percebe!” Nilton Bonder

“Trabalhamos e engendramos estruturas muito sofisticadas para nos oferecer benefícios quando elas contêm em sim sofisticadas formas de nos prejudicar. E não é apenas roubo material que sofremos. As hierarquias nos roubam a paz porque elas pressupõem políticas e espertezas. Há muita malícia em todas as formas de hierarquia porque sub-reptícia a elas está a tentativa de subvertê-las por parte de alguns e também a de mantê-las a qualquer custo por parte de outros. Nada é mais roubado do que a paz nas estruturas piramidais.” Nilton Bonder

“A diferença entre os prazeres de quem é um fim e de quem é um meio determina formas muito diversas de existência. Enquanto o primeiro se pauta por gratificações constantes e o temor máximo de que a morte as impossibilite, o segundo busca a serventia e teme uma vida que seja inócua e que não cumpra sua função. O desejo clássico quer receber e é temente à morte; o desejo quântico quer doar e é temente à vida.” Nilton Bonder

“Estar em paz com não produzir pode significar grande maestria sobre si e pode representar um serviço de dimensões impressionantes.” Nilton Bonder

“Quem precisa de ‘segredos’ está tentando burlar a vida, corromper a estrutura de bênçãos desse universo.” Nilton Bonder

Quando quero fazer, faço. Quando não quero, (me) debato.

Sou mais quando faço menos.

Sabe aquela sensação de quando você está quase se cagando, chega na porta de casa e pensa: fodeu, não vai dar mais!? Então...me sinto assim a dois meses de me formar.

Quem teme, repele. Quem ama...ama.

Quanto mais indivíduo me sinto, mais me sinto parte do todo. Já a pretensão de universalidade só me leva a segregar.

A percepção de mim mesmo como indivíduo me conduz a sensação de universalidade. Já a percepção de mim mesmo como um ser universal, me leva a um individualismo/tribalismo/grupismo segregador do caralho. É...é assim. A vida é esse lindo paradoxo: tudo que você tenta pegar, corre! Quando solta, você alcança. E tudo isso sem barganha! Agora vai, e dorme com um barulho desses.

“Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento… a capacidade de se assombrar diante do banal.
Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem.” Rubem Alves


A feira da Glória é melhor que a Lapa.

Nas minhas muitas buscas pela vida, diversas vezes tive a sensação de ter encontrado o caminho. Hoje sei que não só não encontrei o caminho, mas que o caminho não é encontrável. A vida é o caminho. Um caminho com muitas portas e janelas – incríveis, diga-se de passagem – onde, diversas vezes, nós é que somos encontrados. Leloup estava certo: o contrário do aberto é o inferno. A vida é abertura. Constante. Calemo-nos.

Vejo Deus em lugares que até ele duvidaria.

“Nem só de pão viverá o homem” Jesus Cristo

“Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo;” São Paulo

Gosto dos mistérios. Sempre gostei. Mas nisso Paulo estava certo: ainda que eu fale a língua dos anjos e dos homens, se não tiver amor, nada serei. É ainda mais simples que o simples.

O lugar da vida é onde minha potência se realiza. Seja lá onde isso for.

Uma vida que me leva ao isolamento é uma vida que se perdeu pelo caminho. Anjos também distraem e espiritualidade também serve de entretenimento. O verdadeiro amor só se dá na assombrosa realidade da convivência em igualdade.

A facilidade que temos em nos distrair pelo caminho é tanta que até a simplicidade transformamos em mistério.

Nossas muitas opiniões acerca da vida e do mundo não passam de desabafos acerca de nós mesmos.
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Ao final do curso de filosofia, percebi que minhas ideias, muito mais do que explicar o mundo e as coisas, são a melhor fonte que tenho para me conhecer.

A liberdade é um caminho pessoal e intransferível.

A mente é o corpo. Fodeu!

Cada um tem a vida que escolhe. Enquanto uns matam um leão por dia, eu tô comendo uma jaca por dia. E foda-se!

"Parcamente alimentado e de coisas inocentes, pronto ao vôo e impaciente por voar, por voar longe - tal é o meu modo de ser; como não deveria haver nele algo do modo de ser das aves!" Nietzsche

A principal característica do espírito que busca a conquista, manutenção ou qualquer outra relação promíscua com o poder é a desqualificação do pensamento divergente, identificando-o com a noção – criada por ele mesmo – de desordem. 

A história da filosofia poderia, tranquilamente, se chamar história da arrogância humana.

Velhinho passando na porta da igreja é surpreendido por aquela gostosa e, todo embananado, não sabe se faz o sinal da cruz ou olha a bunda da moça. Na dúvida, faz os dois. Um salve à natureza humana!

Só dá maluco. O que varia é a forma como administramos nossa loucura.

Deus não conhece bem e mal, nem certo e errado. Quem caiu nessa foi a gente.

Exatamente como eu desconfiava: a sensação de abandonar a faculdade é MUITO melhor do que a de se formar.

Substituir a identificação do ser ao pensar, predominante na modernidade, pela identificação do ser ao fazer - um fazer de cunho estritamente utilitário, ainda por cima - não me parece ser um bom caminho. A realidade segue abarcando as duas dimensões. E muitas outras.

Reduzir o fazer ao fazer com as mãos é como reduzir o pensar ao pensar com o intelecto. Duas faces da mesma moeda.

A vida não se deixa engaiolar. O vivo é dinâmico.

Discussão ambiental é algo que se começa pelo prato. Se eu não quiser me tornar ridículo.

Seguir diretrizes alimentares ditadas por outrem nada tem a ver com comer vivo. Comer vivo é – antes de tudo – uma forma de relacionar-se com o ambiente no âmbito da graça.

Já há algum tempo, optei por não comer carne. Mas, identificar a perversidade do SISTEMA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ao ato de COMER ANIMAIS não me parece honesto. Especialmente, diante de percepções tão antropomórficas da natureza. Aliás, nada que tenha o moralismo como resultado me parece uma boa opção. Portanto, alegremo-nos e transbordemos nossa felicidade deixando o próximo em paz em suas escolhas. De outro modo, acho que nem a nós mesmos conseguiremos convencer de que estamos tão bem em nossos caminhos.

Existir é impressionante.

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A cidade não é simplesmente uma maneira de configuração do espaço. É um modo de vida. Um modo de vida incompatível com a vida e com a liberdade humana.

Andando por aí, percebi que, ironicamente, o tipo que tende a se relacionar com a natureza antropomorficamente, especialmente "humanizando" animais, geralmente tende também a ter grandes dificuldades de relacionamento com gente. Uma esquizofrenia que leva a tratar animais como irmãos e os irmãos a partir de uma perspectiva existencial de superiorioridade.
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