A boca fala do que o coração tá cheio

terça-feira, 3 de março de 2015

Casamento (II)



No entre do encontro
A latência manifesta
É como a festa da potência
Que no dar-se ao outro
Recebe como troco
O ouro de si mesmo

Na ação da relação
O um se abre ao dois
Dois se tornam Um
Unidos 
Contemplam o alvorecer e o florescer
Do melhor de cada ser

Uma ciranda de delícias
Onde opostos não se opõem
Mas no perfeito encaixe da engrenagem
Gira livre o mais profundo
Descortinando a cada passo
Mistérios do ir junto

Bendito seja o homem
Que topando em seu destino
Não contente com a metade
Lançou-se por inteiro
No penhasco do Amor
Abismo da alteridade








segunda-feira, 2 de março de 2015

O corpo


Morada dos deuses e demônios
Rio da alma
Onde corre e ocorre o oculto

Por ele escorrem a dor e a lágrima
Nele dançam suor e alegria

Vibra ao som de nossas águas
Imerso no mar das sutilezas
E ao firme toque do tambor
Precipita-se em movimento

De cima a  baixo relampeja
Da terra ao céu ouvem-se as luzes
Sobe e desce a ardente chama
No desenho infinito da serpente

Amigo das alturas
Abrigo das profundezas
Ocaso do manifesto
Salve o corpo!
Vivam os pés que tocam o chão!

Louvado seja o pó da terra
Louvado o torno eterno da existência
Mão que molda o barro no Amor
Tornando o criado 
Criador