A boca fala do que o coração tá cheio

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Fogo no altar


O fogo é fluido
Que cria
E que destrói
Coisa de gente grande

Chama que traz a vida
Mas também conduz à morte
Labareda que ilumina
Ou aniquila toda sorte

O fogo é assim
Traz em si todas as possibilidades
Nada tem a ver com bem ou mal
Queima friamente
Acima da moral

Não por acaso
Toda mãe sabe o ditado
Menino que brinca com fogo
Arrisca-se a acordar molhado

Não se chega diante dele
De maneira irreverente
O calor que aquece a alma
Num instante se transforma
Em terrível aguardente

Entretanto não é sábio se assustar
Felizes os que aprenderam
Dia-a-dia a preservar
O misterioso fogo santo
Aceso em seu altar

Odara




A mais bela das princesas que existem
Ela é Odara, a cadelinha saltitante
Não para quieta nem um minutinho
Corre, pula, pula e corre a todo instante

Eu já não sei se é um cachorro ou um canguru
Toma cuidado!
Com o focinho no seu cú

É implicante como eu nunca vi
Pelo caminho vai tudo mordiscando
O seu prazer está mesmo em destruir

Ai, meu Deus, onde que eu tava com a cabeça
Quando chamei a energia desse nome
Se quer saber não me arrependo nem um pouquinho
Observar-te é terapia pro meu ser

Ninguém entende esse seu jeito brutinho
Não fica triste que eu sei como é que é
Quem vem do fogo não entende o “um pouquinho”
É mais guloso e sempre “o muito” quer

Ô, eu te amo minha labaredinha
Tua presença é o próprio movimento
Você chama a vida com a força da natureza
E dá lições sobre a alma minha

domingo, 22 de junho de 2014

Marchinha do Mar Vermelho


Marcha, marcha, marcha
Marcha sem parar
Atrás só tem deserto
O Egito não é meu lugar

Marcha para frente
Até chegar ao mar
Faraó já vem chegando
Eu vou me adiantar

Marcha mais um pouco
E pisa nesse mar
O Senhor é o meu Deus
E o mar se abrirá

Marcha, marcha, marcha
Que eu não vou voltar
Deus me prometeu
Na terra eu vou entrar

segunda-feira, 16 de junho de 2014

No funil da liberdade




Expandir a consciência
Pode até rimar
Mas não combina
Com malemolência

Quando existir
Permite a ti
Abrir portais na eternidade
Cada nova porta traz em si
Uma nova responsabilidade

É o universo em suas leis
Alertando a todo instante
Que no caminho da luz
Só é possível ir adiante

Num olhar mais apressado
Pode parecer pesado
Mas é fato inegável
Que a quem mais é dado
Mais também será cobrado

Não à toa
Penetrar nos recônditos mistérios da liberdade
É antes de tudo
Inserir-se num caminho cada vez mais apertado

Assim é porque a liberdade do ser
Nunca esteve em realizar seu muito querer
Mas de maneira muito mais sublime
Em sua capacidade
De discernir cada vontade

Quem em algum momento
Aí já foi queimado
Atrevendo-se a tocar a chama do sagrado
Traz em si o ensinamento

Como substância primordial da vida
E paradoxal como ela é
A liberdade nos convida não a tudo
Mas apenas a esse nosso pouco-muito 
Que há de ser realizado

Como um funil existencial
Guia-nos àquele pacífico lugar
Onde unidade e singularidade 
Caminharão eternamente lado a lado


terça-feira, 3 de junho de 2014

Homo contradictio



Já não quero ser puro
Mas mergulhar
Dia-a-dia
Em cada muito minha
Contradição
Acho que nasci...

domingo, 1 de junho de 2014

Verde Vida


Verde que te quero verde
Verde assim
Perto de mim
Verde que lava
Verde que limpa
Verde que varre
E vivifica
Levando pra bem longe
O que não edifica
Verde que é forte
Verde que arranca
Soltando tudo
Que no caminho atravanca
Verde que vem
Verde que vai
Que lança luz no interior
Dissipa a treva
E educa com Amor
Verde, verde, verde
Venerável verde vida!